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A mostrar mensagens de 2017

2017 em 3 parágrafos

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Um ano meu. Mais um ano meu. Tão meu quanto dos meus. Tão deles quanto do destino que nos cruzou. 2017. Um ano de reviravoltas.  Fazendo a habitual retrospectiva, nada ficou igual. Saltei para o desconhecido em todos os campos da minha vida. E apesar de ter tido a coragem necessária para pensar somente na minha felicidade, admito que em todo o momento levei o coração nas mãos. Levei-o despido, sem dó. Levei-o, ingenuamente, com a esperança de uma viagem que não deixasse marcas. Mas não existem viagens longas sem contratempos desconfortáveis. Dolorosos, tantas vezes. E na verdade, eu nem sempre tive a capacidade de o proteger. De me proteger. Expus-me sem sequer ter pena de mim própria. Mas com a força que guardava em segredo, limitei-me a sorrir e a acenar. Valeu a pena. 2017. Um ano de aprendizagem. Cresci. Assumo que tinha onde crescer. Não sabia como me posicionar face à perspectiva onde me colocavam. Onde ainda me colocam repetidamente. Nem sequer compreendia os motivo

Pára de dizer que estás bem

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É difícil de explicar. De colocar em palavras. Não quero que me entendas.  Quero que te afastes agora. A raiva que me atravessa o corpo impulsiona-me a sair da cadeira e a largar os braços em gesto de prostesto. A raiva que me preenche a alma faz-me dizer tanto sem dizer nada do que realmente sinto. O auto-controlo transparece fraqueza e a liberdade emocional é condicionada pela emoção. E quanto mais forte é o sentimento que te trago, mais fraca sou eu perante a dor que me causas. Acabo por explodir. Uma e outra vez. Em momentos que parecem parar o tempo. Como se estivesse dentro de uma realidade tridimensional que ainda não tinha experienciado. Não sei porque me permito chegar até aqui. Quem me dera que chegasse a algo muito melhor. Talvez porque no meu peito já não haja espaço para dois sentimentos antagónicos que se atropelam e se agridem ao longo dos dias longos e das noites que são sempre demasiado curtas. Deixa lá, deixa que me resuma à minha insignificância. Deixa-me

Era terça-feira

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Era terça-feira. Uma terça-feira como outra qualquer. Despedi-me de ti como sempre o fiz. Com um beijo curto e um boa noite espontâneo. Ironicamente repetiste as mesmas palavras que eu. Em uníssono. Como se tivéssemos treinado para não falhar. Depois saí. Lavei os dentes, cobri-me com o lençol e adormeci. Adormeci com todos os sonhos do mundo. Tal como uma criança deve adormecer. Adormeci convenci do que o dia seguinte iria ser tal e qual como tinha sido até agora: feliz. Mas não foi. Acordei com o coração revirado. O grito da mãe deixou-me sem saber onde estava. Com uma rapidez que já não sei descrever segui o pânico até onde ele me levou. Lembro-me que senti o chão frio. Ouvi chorar. Ouvi chorar repetidamente. E percebi que tinha perdido uma parte de mim. Provavelmente, a melhor. Não foi instantâneo. O tempo caminhou. Os dias seguintes foram dotados de acalmia. Parecia estar anestesiado sem que me lembre de ter tomado qualquer veneno. Lembro-me de continuar, devagar,

És o meu poema.

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És o meu poema.  O preferido. Aquele que não fala só de ti. Aquele que fala de nós. Nomeadamente porque a individualidade parece se ter perdido no dia em que nos descobrimos. E desta forma, perco-me nas tuas linhas. Perco-me de amor. Perco-me em finais felizes inventados antes de adormecer na cama de solteira a que me submeto. E continuo a procurar perder-me mais uma vez. Sempre mais uma vez. Porque não tenho racionalidade suficiente para me encontrar. Perdi a bússola pelo caminho. E na correria das nossas vidas, deixei de investir tempo a procurá-la.  Descrevo-te em parágrafos soltos. Em palavras tantas vezes complexas. És como as ondas do mar. Maioritariamente reconfortante, mas pontualmente devastador. E nem sempre a poesia traz finais felizes. A poesia é apenas uma maneira bonita de descrever o que de si traz amargura. A poesia tem em si a capacidade de ser profunda. Intensa. Recorrentemente obscura. Não transportasse ela para o léxico toda a confusão de um ser-humano. Incr

No dia em que deixares de me amar, não me digas adeus

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No dia em que deixares de me amar, não me digas adeus. Não utilizes essa palavra tão crua para saíres pela porta pela qual entraste na minha vida. Tornaste-a, sem esforço, em algo que ela nunca fora antes. Não utilizes essa palavra tão nua quando aquilo que te dei foi tão cheio e aquilo que me deste tão teu. Deste-me o que nunca pensei receber sem surpresas preparadas. Escolhe outro vocabulário. Adopta um novo léxico. Inventa uma desculpa ou diz que vais voltar amanhã. Mas nu nca me digas adeus. E se nada mais te ocorrer dizer, opta pelo silêncio. Aquele que magoa menos do que o barulho das palavras erradas. Aquele que traz sempre a verdade consentida sem acrescentar nenhum ponto à história contada. Opta pelo silêncio e deixa que eu fique a sós comigo mesma. Deixa que eu chore sem que me vejas de joelhos no chão. Afasta-te depressa para que a última imagem que leves minha, seja a de uma mulher hirta e sem medo, como aquela que sempre conheceste. E se optares pelo silênc

Tenho 25 motivos

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1. Gosto de ti porque me sorris. 2. Porque me fazes sorrir. 3. Porque me respeitas. 4. Porque te fazes respeitar. 5. Gosto de ti porque sabes o valor do silêncio num dia mau. 6. Gosto do teu pormenor. 7. Gosto de ti porque me conheces. 8. Porque nunca desistes de me conhecer. 9. Porque sabes quem fui. 10. Porque procuras saber quem sou. 11. E porque sonhas ser tudo comigo. 12. Gosto de ti porque me desejas e porque nunca desejaste assim. 13. Gosto dos teus olhos verdes. 14. Porque os teus olhos não me mentem. 15. Porque a tua verdade é a nossa verdade. 16. Gosto da inteligência com que levas a vida. 17. E p orque a partilhas comigo sem egoísmo. 18. Gosto das tuas mãos. 19. Gosto que me conduzas a destinos não planeados. 20. De ir e de não voltar a horas. 21. De ficar e deixar o copo meio vazio. 22. Gosto de ti porque me desafias. 23. Porque não me deixas parar. 24. Gosto do teu perfume. 25. Gosto que o deixes na minha pele pela manhã, todos os dias. Inês http

Pai, meu querido Pai - Como pudeste partir quando tinhas tanto pelo que ficar?

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Pai, meu querido Pai... Tu avisaste-me e eu não escutei. Permaneci serena perante o teu telefonema, nunca esperando que fosse o último. Tu avisaste-me e eu não corri para os teus braços. E é esta a mágoa que nunca vou arrancar do peito. Parece que foi ontem. Parece que foi ontem que me contaram que tinhas ido embora. Nesse dia tive de fazer um esforço maior que o habitual para raciocinar. Não consegui, instantaneamente, encadear as palavras que me estavam a ser transmitidas. Demorei alguns minutos a interiorizar cada uma delas. Demorei largos minutos a conceber uma ideia clara perante o seu significado. E foi aí que o meu corpo caiu num vazio indescritível. As minhas mãos ficaram tão gélidas que me incapacitaram de as mover. Os meus olhos fecharam-se e foi no meu silêncio que senti, pela primeira vez, os gritos da minha alma. Foi apenas nesse momento que finalmente acordei do sono profundo onde me tinha colocado por um tempo indeterminado. Os meus músculos contraíram-se e, sem avi

Entrelaça-me.

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Entrelaça-me. Não me largues. É inacreditável a paixão que nos move. O amor que nos sucumbe. Acho que já fazemos parte da mesma casa. Eu sou a tua, tu és a minha. E está tão quente cá dentro. Não está tão quente cá dentro? Tenho dúvidas que alguma vez tenha pertencido a alguém como te pertenço. Embora seja este um pertencer esquisito. Na verdade, não sou tua. Deixas-me entrar, mas obrigas-me sempre a sair. Tens permanentemente a porta semi encostada. Podia chamar-lhe de egoísmo ou materialismo carnal se os teus olhos não gritassem que me amam cada vez que me vêem chegar. E neste rodopio a que chamas de vida continuo a sentir-me incompleta. Tão incompleta quanto possas imaginar. Mas vou esperando que o tempo passe mais depressa do que o suposto, até porque o suposto deixou de fazer parte do nosso dicionário há demasiado tempo. Permaneço convicta que não tenho o direito de te fazer alguma exigência. Já carregas demasiado. Já suportas mais do que aquilo para que foste concebido. E talv

Talvez a vida queira que eu espere

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Acho que por vezes deixo de entender o sentido da vida. Ela prega-me rasteiras quando eu até já sabia andar direita. Surpreende-me quando eu achava que já tinha visto tudo. Cria barreiras quando eu já tinha derrubado um exército inteiro. Consegue confundir-me. Deixar-me zonza. Como se tivesse bebido uns quantos copos de vinho branco. Mas desde cedo que foi sempre assim. Desde cedo aprendi a empurrar o chão para que os meus joelhos não ficassem esfolados. Desde cedo engoli verdades feias. Desde cedo fui obrigada a saber que o mundo não é assim tão bonito. E mesmo quando fui empurrada, fui em frente sem nunca empurrar. E sempre me convenci que se assim era, era porque assim tinha que ser. Sempre me convenci que era isso que me tornava mais real. Mais humana. Como se esse argumento me deixasse mais tranquila durante a noite em que a cama era demasiado grande para uma pessoa só. Em que senti uma solidão perturbante. Na verdade, era apenas ingenuidade. Porque sofrer não traz sabedoria, só

Eles merecem que os olhes de frente.

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Eles merecem que os olhes de frente. E com um sorriso maior que a tua altura. Eles merecem que passes altiva, de queixo para cima e com os passos bem largos. Merecem saber que saíste do chão para o qual te empurraram. E embora tenha custado, estás cá para contar a história. Eles merecem ver com os próprios olhos de que saíste da bolha que te obrigaram a criar.  Merecem saber que serão o exemplo que darás aos teus primos ou filhos daquilo que nunca vais querer em que eles se transformem. Merecem sentir quão medríoques se tornaram. Merecem que guardes os risinhos nervosos que te preencheram pesadelos, que lhes recordes os nomes feios que te chamaram ou as alcunhas com as quais  te etiquetaram. Palavras que hoje fazem parte de um livro de recordações que magoam mas não matam. Como se fossem pequenas cicatrizes, aquelas que sabemos que existem, mas que não nos tornam menos belos. Eles  merecem saber que a "gorda", a "atrasada mental" ou a "borbulha andante&quo

Sabes o que é uma amizade madura?

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Sei que pensas em mim quando não estás comigo. Não precisa de ser sempre, até porque sempre seria em demasia. Não quero que penses em mim todos os dias. Mas de vez em quando sem que te apercebas, sei que contas as nossas histórias e ris das nossas memórias. Voltas ao voo em que achámos que o avião se ia despenhar ou a uma das noites que passámos perdidas em Lisboa. E isso chega-me. Sei que não te esqueces do que fomos. E muito menos do que planeamos vir a ser. Mesmo que passem meses sem receber uma chamada tua, a conversa fluí como se tivéssemos jantado no dia anterior. Sabes que mais? As amizades verdadeiras são assim. Sem truques. Sem esforços. Respeitam a celeridade com que corre a vida e perdoam a distância que separa mas não mata. As amizades maduras são assim. Suficientemente fortes para permanecerem intactas. Suficientemente conscientes para ignorarem rancores. É preciso sabedoria. Anos de confiança. Um coração grande e um pensamento racional. Nem todos têm condições internas p

O que se passa connosco?

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Os miúdos de hoje em dia são livres. Tão livres. Dizem nunca ter tido tanta liberdade. Porque comunicam 24h por dia. Porque conhecem a Europa e as Américas. Porque sabem de cor uma dezena de séries. Porque vão ao ginásio ou ao McDonald's assim o prefiram. Escolhem a roupa que usam. As sapatilhas que calçam. Escolhem o curso superior. O curso de inglês ou de espanhol. E vivem noutro país durante 6 meses. Ou 12. Eles escolhem. Porque são livres. Ou talvez não. Os jovens dos no ssos tempos são formatados pelo mundo que todos nós criámos. São fixes se saltarem de avião ou se passearem pela Indonésia. São tão mais porreiros consoante o tipo de bebida que preferem nos sábados à noite. São escravos do trabalho que eles próprios escolheram. São míseros reprodutores de tudo o que a sociedade lhes exige. Nunca foi preciso correr tanto. Ser 1000 coisas ao mesmo tempo. Nunca foi preciso se poliglota assim como um prodígio na arte de não dormir. Trabalhar 8 horas é pouco e as 10