Pára de dizer que estás bem

É difícil de explicar.
De colocar em palavras.
Não quero que me entendas. 
Quero que te afastes agora.

A raiva que me atravessa o corpo impulsiona-me a sair da cadeira e a largar os braços em gesto de prostesto. A raiva que me preenche a alma faz-me dizer tanto sem dizer nada do que realmente sinto. O auto-controlo transparece fraqueza e a liberdade emocional é condicionada pela emoção. E quanto mais forte é o sentimento que te trago, mais fraca sou eu perante a dor que me causas. Acabo por explodir. Uma e outra vez. Em momentos que parecem parar o tempo. Como se estivesse dentro de uma realidade tridimensional que ainda não tinha experienciado. Não sei porque me permito chegar até aqui. Quem me dera que chegasse a algo muito melhor. Talvez porque no meu peito já não haja espaço para dois sentimentos antagónicos que se atropelam e se agridem ao longo dos dias longos e das noites que são sempre demasiado curtas. Deixa lá, deixa que me resuma à minha insignificância. Deixa-me expulsar todos os demónios que em mim habitam e não me tapes a boca. Quero gritar e insultar o mundo inteiro. Por minutos é disso que eu preciso. Deixa-me ficar aqui, sozinha. Permite que faça o luto perante a pessoa que me tornei sem querer sequer mudar. Deixa-me entender quão longe fui e quão distante estou de ser quem eu conhecia. Permite que eu fique aqui, adormecida depois da tempestade. Porque é maior o chão que me roubas do que os alicerces que me trazes.

Inês

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