No dia em que deixares de me amar, não me digas adeus

No dia em que deixares de me amar, não me digas adeus.
Não utilizes essa palavra tão crua para saíres pela porta pela qual entraste na minha vida. Tornaste-a, sem esforço, em algo que ela nunca fora antes. Não utilizes essa palavra tão nua quando aquilo que te dei foi tão cheio e aquilo que me deste tão teu. Deste-me o que nunca pensei receber sem surpresas preparadas. Escolhe outro vocabulário. Adopta um novo léxico. Inventa uma desculpa ou diz que vais voltar amanhã. Mas nunca me digas adeus. E se nada mais te ocorrer dizer, opta pelo silêncio. Aquele que magoa menos do que o barulho das palavras erradas. Aquele que traz sempre a verdade consentida sem acrescentar nenhum ponto à história contada. Opta pelo silêncio e deixa que eu fique a sós comigo mesma. Deixa que eu chore sem que me vejas de joelhos no chão. Afasta-te depressa para que a última imagem que leves minha, seja a de uma mulher hirta e sem medo, como aquela que sempre conheceste. E se optares pelo silêncio, então não ouses rompe-lo. Nem sequer penses em olhar para trás por cima do teu ombro com pena de mim. Não sejas menos do que aquilo que demonstraste ser e segue sem reacção. Não me tragas a frieza sem escrúpulos e evita contornar o óbvio da palavra de despedida.
No dia em que deixares de me amar, não me digas adeus. Não há palavra mais sádica para terminares o que em tempos foi o nosso maior sonho. O que em tempos foi maior do que a própria vida. Não me desprezes dessa forma. Guarda-me algum amor. Mente-me se for preciso ou vai sem dizeres nada. Mas nunca me digas adeus. Porque um adeus é demasiado definitivo. E definitivamente, não estou preparada para te perder.

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