Entrelaça-me.

Entrelaça-me. Não me largues. É inacreditável a paixão que nos move. O amor que nos sucumbe. Acho que já fazemos parte da mesma casa. Eu sou a tua, tu és a minha. E está tão quente cá dentro. Não está tão quente cá dentro?
Tenho dúvidas que alguma vez tenha pertencido a alguém como te pertenço. Embora seja este um pertencer esquisito. Na verdade, não sou tua. Deixas-me entrar, mas obrigas-me sempre a sair. Tens permanentemente a porta semi encostada. Podia chamar-lhe de egoísmo ou materialismo carnal se os teus olhos não gritassem que me amam cada vez que me vêem chegar. E neste rodopio a que chamas de vida continuo a sentir-me incompleta. Tão incompleta quanto possas imaginar. Mas vou esperando que o tempo passe mais depressa do que o suposto, até porque o suposto deixou de fazer parte do nosso dicionário há demasiado tempo. Permaneço convicta que não tenho o direito de te fazer alguma exigência. Já carregas demasiado. Já suportas mais do que aquilo para que foste concebido. E talvez seja por isso que ainda consigo adormecer tranquila. Mesmo que a cama esteja vazia. Mesmo que a solidão me preencha os pesadelos. Porque apesar da mágoa de estar longe, sinto que encontrei o que meio mundo procura. Sinto que me encontraste quando não procuravas nada. E não tenho que estar revoltada por isso. Tenho que saber aceitar a esperar com serenidade, como se eu fosse miúda de esperas fáceis. Oxalá o dia de amanhã traga o verbo "ficar" e deixe cair o verbo "fugir".

Amo-te,
Inês

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