Sabes o que é uma amizade madura?

Sei que pensas em mim quando não estás comigo. Não precisa de ser sempre, até porque sempre seria em demasia. Não quero que penses em mim todos os dias. Mas de vez em quando sem que te apercebas, sei que contas as nossas histórias e ris das nossas memórias. Voltas ao voo em que achámos que o avião se ia despenhar ou a uma das noites que passámos perdidas em Lisboa. E isso chega-me. Sei que não te esqueces do que fomos. E muito menos do que planeamos vir a ser. Mesmo que passem meses sem receber uma chamada tua, a conversa fluí como se tivéssemos jantado no dia anterior. Sabes que mais? As amizades verdadeiras são assim. Sem truques. Sem esforços. Respeitam a celeridade com que corre a vida e perdoam a distância que separa mas não mata. As amizades maduras são assim. Suficientemente fortes para permanecerem intactas. Suficientemente conscientes para ignorarem rancores. É preciso sabedoria. Anos de confiança. Um coração grande e um pensamento racional. Nem todos têm condições internas para amar desta maneira. Para dar sem esperar retorno. E eu, ou muito me engano, ou seremos eternas. Verás a minha subida ao altar, adormecerás os meus filhos, limparás as minhas lágrimas de luto e sorrirás sempre que me vires sorrir. Esta amizade que vem de dentro não se compra nem sequer se vende. Não se obtém nem se pede. Cresce sem razão científica e fica sem motivos particulares. É particularmente glória. Uma luta que vale a pena mesmo não trazendo vencedores. Move mundos, cruza oceanos. E quando os joelhos embatem violentamente no chão, é ela a responsável por elevar o maior dos derrotados.

Inês

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