O que se passa connosco?

Os miúdos de hoje em dia são livres. Tão livres. Dizem nunca ter tido tanta liberdade. Porque comunicam 24h por dia. Porque conhecem a Europa e as Américas. Porque sabem de cor uma dezena de séries. Porque vão ao ginásio ou ao McDonald's assim o prefiram. Escolhem a roupa que usam. As sapatilhas que calçam. Escolhem o curso superior. O curso de inglês ou de espanhol. E vivem noutro país durante 6 meses. Ou 12. Eles escolhem. Porque são livres. Ou talvez não.
Os jovens dos nossos tempos são formatados pelo mundo que todos nós criámos. São fixes se saltarem de avião ou se passearem pela Indonésia. São tão mais porreiros consoante o tipo de bebida que preferem nos sábados à noite. São escravos do trabalho que eles próprios escolheram. São míseros reprodutores de tudo o que a sociedade lhes exige. Nunca foi preciso correr tanto. Ser 1000 coisas ao mesmo tempo. Nunca foi preciso se poliglota assim como um prodígio na arte de não dormir. Trabalhar 8 horas é pouco e as 10 não chegam na maioria dos casos. Nunca foi preciso ser-se tão pouco humano. Tão mecânico.
Os jovens dos nossos tempos estão perdidos. E nem notam. Os miúdos da nossa geração deixaram de ser miúdos. De morrer de amores por alguém e de falar disso a toda a hora. Deixaram de dançar aos fins de semana ou de ter tempo para ler um livro. Deixaram de ver os amigos aos finais de tarde e a família aos domingos. Os nossos miúdos já não aprendem a tocar instrumentos ou se deixam cair num sofá com a cabeça vazia. Isso seria simplesmente improdutivo, não é? Eles pensam minuto após minuto e de tanto pensar não permitem que a sua inteligência emocional se desenvolva. Eles estão presos numa cela feita à sua medida. E em vez de fugirem, preferem continuar a viver do lado de lá da vida.

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