Inacreditável o fio condutor que me leva a ti

Inacreditável o fio condutor que me leva a ti.
Sou só um homem. Apenas um homem comum. E no desenrolar de mais uma vida comum, encontrei-te. 
Tudo ficou de outra cor. A música na rádio tinha outro significado. E sempre que eu sorria, o motivo eras tu. Desencontrei-me no teu corpo. Encontrei-me na tua maneira de ser. Ligeiramente e sem fazeres barulho, mudaste tudo aquilo que não tive forças para mudar sozinho. Limaste-me os defeitos. Na verdade, já não tenho medo da estrada. Agora estou mais alerta. Conseguiste que eu me sentisse cheio. Nunca estive tão cheio decerto. Nada me falta quando te tenho perto de mim.
Mas eu sempre soube que não era o único. Sempre soube que existiam outros. Outros que te podem amar da mesma maneira que te amo. Porque afinal de contas, é fácil amar-te. É fácil cair nessa tua teia complexa. Emocionalmente dás cabo de um homem. E não é só dos comuns. Dás cabo de qualquer um. E, sinceramente, o que mais me assusta é que tu sabes disso. Tu sabes que a tua natureza é aterradora para qualquer ser-humano. Moves contigo uma energia inabalável. E nem imaginas o quanto já temi que levasses tudo isso para alguém que não eu.
A tempestade foi grande e o quanto me chamaram-me de louco quando me atirei de cabeça para o cimento. Chamaram-me de masoquista quando chorei por ti sem já ter lágrimas disponíveis. Mas nunca desisti. Sabia que me pertencias. De uma maneira ou de outra, eras minha. E desistir nunca foi uma opção viável. Desistir da nossa própria felicidade nunca foi assim tão linear. Como podia eu desistir da minha felicidade?
Podias nem sequer saber, mas esses olhos cor de avelã escondiam o que sentias por mim. E eu sempre fui bom a jogar às escondidas. Fui contra todos. Contra tudo. Acho que até fui contra mim. Desculpaste-te sempre dizendo que o que fazia por ti não era suficiente. Como não era suficiente? Eu fiz de tudo. E voltei a fazê-lo. Sempre que achavas pouco, eu fazia mais.
Foram tempos difíceis, foram dias longos e noites mal passadas. Sentimo-nos tão pequeninos quando quem amamos segue o seu caminho sem olhar para nós sequer. Eu senti-me mísero. Tão mísero que pensara ter perdido tudo. Mas, independentemente do cansaço nas pernas e do coração magoado, mesmo assim, dei: dei-te os meus braços quando mais ninguém percebeu que precisavas de um abraço apertado. Limpei esse teu rosto tão familiar aos meus olhos. Atei-te o longo cabelo e esperei que adormecesses ali, no meu carro. Dei-te o que tinha mesmo quando o negaste repetidas vezes. Dei-te o que precisavas. Dei-te o que quis dar. E hoje, recebo o que nunca pedi.

Inês





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