Escolheste-me, mas eu tenho a melhor claque do mundo
Escolheste-me. Por algum motivo que ainda não percebi na íntegra mas que já desisti de tentar discernir. Escolheste-me porque assim tinha que ser. Escolheste-me para provares que consegues deixar-me incapacitada e que às vezes eu também fraquejo. Queres tomar o controlo do meu corpo e da minha alma. Dominas os meus pensamentos e eu deixo-me perder neles. Recordo agora as noites de insónia, aquelas em que me senti sem qualquer esperança, e posso dizer-te que essas foram as mais difíceis. Sofri horrores.
Tentas incessantemente que eu recue na minha luta, usas todas as tuas armas e demonstras uma frieza calculista. Agrada-te que eu me olhe ao espelho e não me reconheça, agrada-te que os meus olhos se mostrem ressentidos por tudo aquilo que tenho chorado e que a minha pele permaneça pálida aguardando um desfecho que ainda não é certo. Agrada-te, sobretudo, que tenhas sido tu a deixar-me assim. E mesmo quando parece teres partido de vez, descubro que afinal empregaste todos teus recursos para te esconderes de mim e reapareceres quando já te tinha esquecido. A minha dor dá-te robustez e um gozo inexplicável.
Procuras uma dominância total sobre a minha vida, procuras que eu seja tua todos os dias. Procuras que eu ceda, mas eu não vou deixar. Não vou deixar que mudes a pessoa que sempre fui. Fica aqui a promessa que não me vais tirar este sorriso que hoje vês. Não vou permitir que me venças. Tu não me vais vencer. E sim, podes usar todos os teus truques e manhas porque eu vou estar preparada para não cair. O chão nunca foi o meu lugar. Podes levar-me o apetite, o cabelo ou o peito, podes levar-me a beleza à qual me tinha habituado, mas nunca vais levar esta minha vontade de viver. Nunca vais levar os que me amam e os que acreditam em mim. Tenho a melhor claque do mundo e tu não és nada diante de nós. Sei que vou ficar cansada, sei que vai ser mais fácil nuns dias do que noutros, mas tenho a certeza absoluta que vais sair derrotado. Vais perder. Tenho a certeza absoluta de que no final de todo este trajecto serei mais feliz que nunca e que tu acabarás por morrer aos olhos do teu egoísmo. Porque afinal, tu não passas de um filho da puta egoísta, cancro.
Inês
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