Pensei que eras a minha melhor amiga. Enganei-me.

Pensei que eras a minha melhor amiga. Ou pelo menos que me recordavas como tal. Pensei que de alguma maneira, ainda te lembravas dos dias em que regressámos da escola e parámos no quiosque para comprar gomas. Pensei que ainda soubesses em que banco do jardim nos sentavámos a conversar sobre os amores que fomos tendo e os desamores que pela vida perdemos. Ingénua fui ao achar que ainda sabias de cor o meu número de telefone e olhavas para a minha mãe como quase tua. Ingénua fui ao crer que tinhas saudades minhas em tantas tardes em que estiveste longe. 

Porque para mim tudo permaneceu assim. Tudo permaneceu num passado que sempre fez parte do meu presente. Talvez eu continuasse com a esperança que as pequenas mazelas que tínhamos não tirassem o lugar à mais pura das amizades. Assim o achava. Assim o sentia.
Mas sem eu sequer perceber como, destruíste o que de maior alguma vez tinhas construído. Conscientemente arrebataste a minha vida e a auto-estima que me definia como forte. Esqueceste tudo o que fomos e usaste o teu corpo para te sentires mais mulher. Mesmo quando me prometeste não haver homem que nos separasse. E tu podias ter tido qualquer homem. Mas só um te matou esse desejo. Só um te tirou a sede que sentias. E, sem qualquer sombra de dúvida, muito mais me magoa ter-te perdido a ti do que o ter perdido a ele.
Roubaste-me tudo. Mas fundamentalmente, roubaste-me a confiança. Em mim, e principalmente, nos outros. E o quão difícil é viver com a desconfiança debaixo dos olhos. Sabes lá. 
Vejo em ti a maior desilusão da minha vida. E provavelmente sentir nojo de ti é um termo, ainda assim, simpático. Vejo em ti a rotura de um elo que nos ligava desde crianças. A vitória dos teus interesses sobre a lealdade que define os verdadeiros seres-humanos. Não mereces o meu perdão, nem tão pouco que o equacione. 

E se mereceres alguma coisa nesta vida vadia, que sejam apenas as insónias que me trouxeste e a culpa cortante de seres uma puta.

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