Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2015

Dor que estás aí escondida

Imagem
Dor que estás aí escondida. Escondida de muita gente. Dor que me acompanhas nos dias de solidão. Sempre disfarçada num sorriso. Sussurras ao meu ouvido que estás por cá. Não deixas que me esqueça que tu existes. Dor que só vais embora quando queres. Por momentos não te sinto. A alegria vem e quer ficar. Mas não tem força para o que de si é maior do que qualquer coisa. Voltas. E não te arrependes de voltar. Porque te achas no direito de ser minha. Porque gostas de trazer as n oites longas. Porque os meus monólogos são o teu entretenimento favorito. Porque não queres que os meus olhos sequem. Porque sabes que és mais do que aparentas. Dor que estás aí escondida. Sinto-me a desfalecer. Tanta raiva te guardo. Tanta inutilidade me trazes. Tanto carisma me roubas. Tantas horas te cedo. Tanta vida me levas. - Porquê? Inês https://www.instagram.com/25_por_ines/  https://www.facebook.com/25porInes/

Pedi um café, nem muito cheio, nem muito vazio

Imagem
Sentei-me junto à única mesa livre naquela manhã de correria habitual em Lisboa. Pedi um café, nem muito cheio, nem muito vazio. Um café parecido à minha vida, nem muito cheia, nem muito vazia. Olhei sem pressa à minha volta e tudo pareceu normal. A banalidade já fazia parte da rotina, até porque a rotina é sempre banal. Tudo o que realmente nos marca nunca é rotineiro. E eu há muito que não sentia que algo me marcasse. Quando o café já estava meio vazio, quando o jornal já m e tinha passado pelos olhos duas vezes, então eu achei que fosse hora de ir embora. Até que apareceste. Tão jovial como o sol quando nasce. E com a tua pressa de cidade ficaste ali a travar olhares comigo. A banalidade tinha sido interrompida por ti. A rotina tinha sido esquecida naquele dia. O autocarro partiu com um lugar a mais e o cigarro das 9 horas da manhã ficou no maço bem quieto. E a conversa começou sem que nenhum de nós se esforçasse demasiado. E pedi-te que me falasses de ti.  Fala-me de ti.  F

Lisboa, nunca te quis

Imagem
Lisboa, nunca te quis. Nunca foste ambição ou desejo. Mas tantas vezes esta vida troca-nos as voltas. E foi essa vida desvairada que me trouxe até ti, envergonhada. E a princípio nada parecia estar no lugar certo. Trazias-me a confusão, trazias-me a pressa de quem está sempre atrasado, trazias-me cheiros que não eram os meus, a calçada desnivelada que me tirava o equilíbrio, a fome e a sede de quem não tem nada, trazias-me a tristeza do Fado boémio e o fumo dos cigarros acen didos nas janelas. Mas o tempo remedeia. Acalma e conforta. E por vezes, quando o destino assim o quer, faz-nos cair de amores por aquilo que nunca pensámos amar. Ironicamente, o destino decidiu que assim fosse. Lisboa, hoje também és minha. E nenhuma outra cidade é como tu. És minha porque me dou a ti todos os dias. E, aos poucos, desvendas todos os teus segredos. Trazes-me as histórias dos amantes perdidos nas ruelas estreitas. Trazes-me as paixões fugazes e os corpos suados. Trazes-me as casas o

Se não gostas de mim, não fiques

Imagem
Se não gostas de mim, não fiques. Vai embora assim que tenhas boleia. Deixa-me ficar deste lado, no meu canto. Deixa-me ficar onde pertenço, onde nunca te sentiste em casa. Não fiques para ver. Vai. E vai sem bilhete de volta. Se não gostas de mim, não fiques. Leva tudo o que a ti te identifica. Leva tudo aquilo que és. Não vais deixar saudade. Não se tem saudade do que nunca foi bom. Não se tem saudade do que sempre foi dor. Se não gostas de mim, não fiques. Pergunto-me por que continuas a observar-me de perto. Porque permaneces calado de forma a passares despercebido. Não te iludas em pensar que não te vejo. Não te escondas por entre sombras que tão bem conheço. Eu sei que continuas aí porque queres assistir ao meu percurso. Esperas que falhe. Esperas que chore de joelhos esfolados no chão. Esperas que implore o teu auxílio. E esperas negá-lo da forma mais sádica que encontrares. Rezas para que nada seja da forma que idealizei. Que nada seja sequer parecido ao que um dia

És inacessível

Imagem
És inacessível. Não encontro outra forma de te descrever. É como se eu não tivesse direito à entrada na tua vida. Como se fosses demasiado para a pessoa que sou. Como se fosses uma qualquer forma superior de ser-humano. Negas-me repetidamente com a frieza que te é característica e a pouca humildade que demonstras. Não sei se tudo isso é escárnio ou se tudo isso é medo de te aproximares de mim. Medo de não conseguires manter essa postura tão nivelada à tua altura. Medo de me  quereres mais do que algum dia quiseste alguém. Medo de me desejares de uma forma tão louca quanto aquela que eu te desejo todas as noites. E assim continuamos. Continuamos as nossas vidas sem o calor que nos falta na alma. Continuamos despidos de prazer e sem os serões com a pele suada. Continuamos separados pelas barreiras invisíveis que crias para te sentires melhor contigo própria. Continuamos, estupidamente, longe um do outro. Longe daquilo que ainda nem provámos mas que já queremos repetir. Na verdade,

Inacreditável o fio condutor que me leva a ti

Imagem
Inacreditável o fio condutor que me leva a ti. Sou só um homem. Apenas um homem comum. E no desenrolar de mais uma vida comum, encontrei-te.  Tudo ficou de outra cor. A música na rádio tinha outro significado. E sempre que eu sorria, o motivo eras tu. Desencontrei-me no teu corpo. Encontrei-me na tua maneira de ser. Ligeiramente e sem fazeres barulho, mudaste tudo aquilo que não tive forças para mudar sozinho. Limaste-me os defeitos. Na verdade, já não tenho medo da estrada. Agora estou mais alerta. Conseguiste que eu me sentisse cheio. Nunca estive tão cheio decerto. Nada me falta quando te tenho perto de mim. Mas eu sempre soube que não era o único. Sempre soube que existiam outros. Outros que te podem amar da mesma maneira que te amo. Porque afinal de contas, é fácil amar-te. É fácil cair nessa tua teia complexa. Emocionalmente dás cabo de um homem. E não é só dos comuns. Dás cabo de qualquer um. E, sinceramente , o que mais me assusta é que tu sabes disso. Tu sabes q

Errar é Humano

Imagem
Errar é humano, já o dizia a minha Avó. E eram sempre frases destas que ouvia cada vez que não fazia as coisas como era de esperar. Frases de auto-ajuda e sem reflexo de culpa para quem tinha metido o pé na argola. Frases curtas, com aquele toque emocional que me levavam a pensar que até tinha sido bom errar. Sim, porque tal como sempre me disseram, é com os erros que aprendo. E sendo assim tão linear esta teoria inventada nas ruas da amargura, então eu sou quase um génio. Pr ovavelmente, perto de saber tudo sobre quase tudo. Mas não é isso que sinto. Sinto que falhei. E essa falha levou-me por caminhos diferentes do percurso que estava delineado no início. Mas antes disso houve dor. A dor que só se sente quando sabes que não conseguiste atingir aquilo a que os outros te propuseram. Ou pior, a dor que só se sente quando sabes que não conseguiste atingir aquilo a que tu próprio te propuseste. E não é fácil de lidar com ela. Aqueles instantes em que percebes que erraste são macabr

Como pude eu deixar-te ir sem um abraço, meu irmão?

Imagem
Como pude eu deixar-te partir sem um abraço? Mas deixei. Deixei que te arrastasses com fraqueza, que te deixasses ir sem esperança e que nos abandonasses sem retorno. Na realidade, deixei que chegasses ao fundo de ti. Assisti na primeira fila à tua decadência, sem nunca acreditar firmemente que estavas perto do fim que ditaste de forma autónoma. E hoje sinto-me apenas pela metade. Sinto-me parcialmente desfeita. A lacuna que deixaste em mim supera-me todos os dias. Recordo como éramos, como sempre fomos e como te perdi. Perdi-te nos dias em que não fomos nada, naqueles dias em que o silêncio imperava entre nós. Perdi-te quando a indiferença era a única coisa que nos unia, quando nos ausentámos da vida um do outro. Perdi-te sempre que discutíamos e sempre que nos magoávamos com palavras sem qualquer sentido expressamente incutido. E se assim foi, então perdi-te vezes sem conta. Como pude eu deixar-te partir sem um abraço? Mas deixei. Insensivelmente fui orgulhosa demais para te