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A mostrar mensagens de janeiro, 2016

(De)pressão

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Ela é linda. A sério que é. Uma mistura de emoções. Humilde como a ensinaram a ser. Curiosa. No fundo, é apaixonante. Acho que esta é a palavra que melhor a define.  Ela é assim, mas não sabe... Ela recebe todo o amor do mundo, mas sente-se constantemente abandonada. Ela é amada todos os dias, mas nunca se amou a si própria. Ela tem tudo, mas define-se como um nada. E quando vêm as tempestades, ela luta sempre até findarem, mas todas as vitórias lhe sabem a derrotas.   Ela não  se aceita perante o espelho e muito menos perante os outros. Dita as regras em que vive sem saber muito bem porque ainda continua por cá. Ela esconde com coragem toda a dor que comporta, assumindo que as más energias só a ela devem pertencer. Não pretende que sofram com ela. Não precisam de o fazer. Ela não partilha os pesadelos. Devolve apenas o melhor de si e continua a fingir um sorriso que não é o seu. Ela é assim. Uma menina cansada com a bagagem que o passado a obrigou a carregar. Um corpo que

Pensei que eras a minha melhor amiga. Enganei-me.

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Pensei que eras a minha melhor amiga. Ou pelo menos que me recordavas como tal. Pensei que de alguma maneira, ainda te lembravas dos dias em que regressámos da escola e parámos no quiosque para comprar gomas. Pensei que ainda soubesses em que banco do jardim nos sentavámos a conversar sobre os amores que fomos tendo e os desamores que pela vida perdemos. Ingénua fui ao achar que ainda sabias de cor o meu número de telefone e olhavas para a minha mãe como quase tua. Ingénua fu i ao crer que tinhas saudades minhas em tantas tardes em que estiveste longe.  Porque para mim tudo permaneceu assim. Tudo permaneceu num passado que sempre fez parte do meu presente. Talvez eu continuasse com a esperança que as pequenas mazelas que tínhamos não tirassem o lugar à mais pura das amizades. Assim o achava. Assim o sentia. Mas sem eu sequer perceber como, destruíste o que de maior alguma vez tinhas construído. Conscientemente arrebataste a minha vida e a auto-estima que me definia como forte.

A mudança tem que começar em ti e nunca será confortável

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Sei que a mudança tem que começar em mim, cá dentro, sem pressões externas associadas. Não pode ser uma mudança preguiçosa nem confortável. Aliás, as mudanças nunca são confortáveis. Têm sempre um travo de incerteza e de desconhecido que caracterizam o verbo "mudar", e se assim não fosse, não era uma mudança, mas uma palmadinha nas costas. Na mudança tem que haver investimento e acreditem que nunca é muito. Tem que haver coragem, baldes de coragem! Têm que existir fronteiras mal  definidas e definições sem barreiras impostas.  Há a mudança e depois vem a esperança. A tão velha amiga dos solitários. Aquela que já encheu muitos peitos de ar. Aquela que já acompanhou fiéis por quilómetros de estrada. Aquela que já fez que o mundo tomasse outro sentido, que criou teorias e conduziu a descobertas.   E a minha esperança é humilde. Já deixou de ser fria e egoísta. É uma esperança que sabe onde estou e onde quero chegar, que me move sem grandes pressas, que me permite ver atra

Rezo todos os dias para que Deus não te perdoe

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Marcaste-me para o resto da vida. E eu não me fiz ouvir. Marcaste-me da forma pior de todas. E tão grande é a raiva te trago, mas maior ainda a cobardia que me acompanha. Mas talvez só agora, longe dessa realidade, é que consigo perceber as sequelas que me deixaste. Talvez só agora, longe dos tempos da inocência, é que consigo perceber que mais ninguém conseguirá apagar as marcas que me obrigaste a carregar. Na verdade, só agora tenho maturidade suficiente para admitir que levaste a melhor parte de mim, aquela que mal tive tempo de conhecer, aquela da qual hoje sinto saudade, aquela que tu desconstruíste sem pesar. Hoje percebo que me mataste. Deixei que me matasses. E nunca me fiz ouvir. As ameaças que me sussurraste ainda me deixam a pele em ferida. Permanece em mim um nó na garganta tão seco que é comum perder o equilíbrio. Como se fosse de novo desprotegida às tuas mãos. Como se não tivesse saída. Quão triste é olhar-me ao espelho e sentir repugna de um corpo tão bonito. Qu

Tenho que partir, mãe

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Tenho que partir, mãe. Eu sei que te custa que só leve a mochila atrás, que não leve a tua comida numa caixa de tampa azul e que não tenha bagagem suficiente para trazer a almofada que usei estes vinte anos. Eu sei que receias que o mundo seja demasiado grande e que eu me perca nele. Sei que o teu coração está mais pequenino que o meu e sei que tu não sabes o quanto me custa ver-te assim. Eu sei que estás com um nó na garganta tão seco, daqueles que só se sentem quando as lág rimas já estão quase a dar de si. Sei que tentas ficar hirta como sempre mostraste ser, mas que por dentro te desmoronas ao ver-me despedir da família que hoje veio almoçar. Vá lá, não sofras por mim. Tenho que partir, mãe.  E o que vai é tanto quando comparado com o que fica. Ficam os hábitos antigos e os lugares que fizeram parte da minha infância. Mas as pessoas que amo vão comigo guardadas dentro do peito, permanecem intactas dentro daquele álbum fotográfico a que chamam de memória. Comigo vai o amor que

E quando amas imbecis?

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E quando amas imbecis? Imbecis que não merecem uma vírgula daquilo que és?  Quando adoravas ter alguma coragem. A coragem que te falta para fazer as malas, fechar a porta e seguir viagem. Sem olhar para trás.  Porque o que ficou lá atrás é tão pequeno que iria custar demasiado olhar para o chão. Inês https://www.instagram.com/25_por_ines/  https://www.facebook.com/25porInes/

As pessoas conseguem ser cruéis

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As pessoas conseguem ser cruéis. Os anos passaram, tantos anos já lá vão, mas as marcas ficaram como se tivessem vontade própria. Recordo hoje alguns rostos. Recordo também o sabor amargo que me deixaram na boca. Desenhávamos um círculo. Éramos donos de uma amizade bonita. Bebíamos na mesma mesa. E partilhámos os mesmos sofás. Éramos donos das mesmas loucuras. Seguíamos os mesmos sonhos.   Recordo as brincadeiras e o suporte que lhes dei. Recordo o amor que senti por todos. Ma s quando o desdém é maior do que a saudade, tudo se transforma numa boa desculpa para destruir quem já foi tanto. Foi o que você fizeram, não foi?  Foram tão pouco humanos. Foram a razão clara pela qual eu não quero ser como vocês. Proferiram palavras que penetravam qualquer pele e magoavam qualquer coração. Fizeram de uma noite as insónias de outras tantas. Ainda hoje consigo sentir toda a dor que me provocaram. Ainda hoje não entendo os motivos, nem os fundamentos. O teatro foi tão notável que por s