Não desaprendas a amar os teus

Não desaprendas a amar os teus.
Não desaprendas a amar quem definiu a pessoa em que te tornaste. Não lhes tires tempo. Não lhes tires amor. Não lhes tires a importância que eles intrinsecamente já detêm. Não desaprendas a ficar. Deixa-te de prioridades construídas por uma sociedade à qual nem te vês pertencer.
Os anos trouxeram-me a sabedoria para ter todas as certezas de que não há dinheiro que devolva a felicidade à solidão, que preencha metades de quem por si já é incompleto ou que detenha valor comercial na verdadeira definição de amor. Por isso, ama os teus. Os que escolheste e os que te escolheram. Ama-os. Hoje e todos dias. Mas ama-os de perto. Não os ames pelo ecrã. Não os ames com fusos horários diferentes. Mantém-te por lá. Junto dos que mais queres, dos que te fazem rir à gargalhada, junto daqueles que te fazem ser a pessoa que realmente conheces na intimidade e não uma outra qualquer moldada de acordo com o politicamente correcto.
Mantém-te junto dos que te servem de apoio em dias de dúvidas existenciais e dos que nunca te abandonam nas noites de perdição e de copos cheios. Mantém-te junto deles mesmo que sejam loucos aos olhos do resto do mundo. Não desaprendas a dar-lhes o melhor de ti. Não desaprendas a seres o seu maior orgulho. Decerto que não esperam menos de ti do que exactamente isso.
Percorre o teu caminho mas não te afastes demasiado. Não te ausentes por mais do que o suficiente. Por mais do que o aceitável. Porque o tempo não espera. Não fica pacientemente quieto. Ele vai fugir-te por entre os dedos sem aviso prévio, e quando te aperceberes, pouco ou nada poderás reparar. Na verdade, pouco ou nada poderás voltar a ter como antes.
Talvez nesse momento tudo esteja diferente, tão diferente que tu próprio não vais reconhecer o contexto em que te inseriste espontaneamente. Talvez nesse momento tudo esteja tão diferente que nomearás de egoístas todas as razões pelas quais desaprendeste a amar quem sempre amaste e quem sempre te amou. Talvez tudo esteja tão diferente que percebas, da forma mais dura de todas, que perdeste os teus anjos da guarda sem teres sequer uma despedida. Talvez nesse momento esteja tudo tão diferente que assistas à história que tu próprio escreveste, com um fim que não ousaste sequer supor. Porque o tempo não dá segundas oportunidades. E de certa forma, não fizeste nada para as mereceres. Como podes não dar tudo aos teus quando eles são tudo o que tens?

Inês



Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Caí no fundo

Tenho 25 motivos

Escolheste-me, mas eu tenho a melhor claque do mundo