A maior certeza que tenho
Não me julgues pela capa que transpareço, nem pela opinião que já formaste. Não me julgues de alguma forma por aquilo que quero para mim, porque só a mim tenho de justificar tamanha escolha. Não me digas que é um erro quando sou eu que não colho a felicidade se seguir o sentido que queres que eu siga. Não me julgues. Não gastes o teu vocabulário com premissas que já nem oiço.
Isto não é uma mania. Não é uma questão de feitio ou dos anos que já vivi. Chamaria-lhe uma oposição. Uma oposição fundamentada por aquilo que sinto aqui dentro. Por aquilo que sinto neste lugar ao qual tu nunca vais conseguir entrar. E esta oposição, acaba assim, por ser uma terapia emocional que me deixa muito mais certa daquilo que sou. Na verdade, não tenho certezas sobre aquilo que quero, mas tenho a certeza absoluta sobre aquilo que não quero de todo.
Por isso, não me interpretes mal. Não julgues que é uma decisão sem porquê ou uma casmurrice que a idade me trouxe. Entende que eu, simplesmente, não vou por aí. Não vou por esse lado, nem para esse lado. Não me completa. Não me traz a exuberância a que chamas de felicidade. Deixa-me na tranquilidade que escolhi por oposição ao mundo que queres abraçar. Deixa-me ser eu e não outra pessoa qualquer. Deixa-me gostar de mim e do que me rodeia. Deixa-me gostar do que me pertence e deixa-me sentir que a tudo o que vejo também pertenço. Não quero ser uma estranha na minha própria vida. Não quero fazer uma jornada para a qual não fui habilitada. Há saltos para os quais não estamos predestinados a dar. Há vidas para as quais não fomos escolhidos a viver. E essa não é a minha vida.
Talvez perca muito pelo caminho.Talvez perca pessoas e memórias. Loucuras e lugares. E talvez esta hipótese tenha tudo de absoluto e nada de dúbio. Mas se o meu coração me diz todos os dias para ficar, eu fico. Afinal, só assim garanto que não perco a maior certeza que tenho, a crença total de que é o amor que comanda a minha vida.
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