Tenho que deixar o meu Portugal

Tenho que deixar o meu país. As minhas raízes. O meu conforto. Tenho que deixar o meu Alentejo, o meu Norte e o meu mar. Tenho que deixar o que construí por estes lados. Deixar aquilo que me define como eu próprio. Tenho que deixar uma mãe sem menino para dar colo e um pai com o coração pequenino. Tenho que deixar o amor da minha vida. Os amigos de uma vida.

Não é que eu o queira, mas é o que vocês me obrigaram a fazer. De uma maneira ou de outra, a culpa é vossa. Eu tentei resistir aqui, hirto sem ceder. Tentei dar o máximo de mim para receber o mínimo que pessoas como vocês me queriam dar. Mas nem isso chegou. Separaram um país. Estão a destruir uma nação. E com esse sorriso amarelo de quem acha que sabe tudo, dizem que todos temos que fazer um esforço para sairmos do buraco onde vocês nos colocaram. O canudo que me incentivaram a ter, agora não passa de um passaporte para ir para bem longe. Esta revolta é maior do que a minha altura. Não foi isto que ambicionei. E os olhos que se fecham para não ver a realidade deixam-me com náuseas. Mas não posso lutar sozinho contra vocês. Não tenho sangue azul, nem cor-de-rosa. Não tenho a conta com zeros à direita, nem um lugar no parlamento. Infelizmente é assim que funciona. O sistema é sujo. Sempre foi, sempre será.

Hoje tenho apenas os sonhos e a esperança, porque esses só morrem quando eu morrer também.


Inês



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