Verdade ou consequência?

De vez em quando dou por mim a pensar em confrontos morais que questiono eticamente, mas principalmente humanamente.

Hoje debati-me com esta mania cada vez mais contemporânea de aligeirar a verdade. Parece que a maioria prefere dizer o que o outro quer ouvir em vez de explicitar o cerne crú que essa questão acarreta. E pior que isso, é assumir de que se trata de uma atitude gentil, sendo essa premissa quase hedionda. Afinal, desde quando é que mentir é gentilmente aceite?

Sinceramente, não poderia ter uma opinião mais recta em relação a este "cliché" do dia-a-dia de cada um. Acredito que não existe benefício, para nenhuma das partes, em não facultar sempre a sinceridade. Não interessa se ela é boa ou detestável. A verdade quer-se sempre nua, tal como é, sem ostentações e desculpas de última hora. Defendo que todos merecemos essa verdade. Todos nós merecemos saber o que pensam de nós e o que pensam daquilo que fazemos. Não se trata de ser cruel, trata-se de ser verdadeiro. E acreditem que ninguém pode sentir-se realmente amado se o outro aligeirar o que nos diz nos olhos, porque não é preciso muito tempo para que a realidade seja visível e talvez aí as palavras feias já sejam ditas tarde demais. Sem muito a fazer, a amizade padece e se for amor, ele morre.

E muitas vezes fui eu julgada por dizer sem pensar. Preferiam que pensasse e dissesse o que sentia apenas depois de avaliar o que o outro iria sentir. Queriam que escolhesse as palavras que iriam sair da minha boca. Ainda tentei atender a esse pedido e contornar a verdade de maneira a parecer mais bonita. Estavam assim a empurrar-me para a descrença, para uma realidade distorcida e para a dita mentira, que, de uma forma irónica, costuma ser condenada.

Perante o sentimento de culpa que logo senti, foi-me humanamente impossível fazê-lo. Por mais que me critiquem por isso, não há nada que eu não vá dizer quando achar que tenha que ser dito, com a certeza que escolherei sempre o momento oportuno e o local adequado, não sendo nunca o meu objectivo magoar ou importunar alguém.

Assim me irei manter, e oxalá que vocês também.


Inês


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