Hoje

A fraqueza nas minhas pernas é tão grande que mal consigo pôr-me de pé. É como se flutuasse sobre um mundo que não é o meu, como se nada disto fosse realmente a realidade em que estou colocada. Um labirinto infindável que tenho medo de não ter saída. Sinto-me sem norte, como se a bússola estivesse partida e o sol não me ditasse o caminho para casa. A minha vista está turva do álcool a que me obriguei a beber, aquele que foi o único conselheiro destas noites que se arrastam perante a minha sombra. Percorro a casa vazia e grito baixinho para não ser ouvida, pois não quero que me vejam assim. Não me iriam reconhecer nesta pele que afinal é a minha. Cerro os punhos e fotografo mentalmente o meu corpo magoado. Procuro que ninguém saiba o quanto me dói viver, porque não acredito que alguém me consiga perceber. Porque acredito que a ninguém importo. E ninguém me pode dar aquilo que preciso. Porque o que preciso apenas eu posso definir, e a definição está incoerente nas frases soltas que construo para tentar chegar a alguma conclusão. As minhas mãos tapam o meu rosto, aquele que em tempos era motivo de glória. 
Hoje apenas vejo as marcas do quão mal-tratada fui por quem melhor me conhecia. Difícil é aceitar que essa mesma pessoa era eu.

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